No dia 03 e setembro de 2012, reunimo-nos eu, Danillo Villa, e o diretor do Centro Cultural São Paulo, Ricardo Resende, para escolher, entre os 143 inscritos, os trabalhos que fariam parte do edital ARTE LONDRINA. Deparamo-nos com uma amostragem de formas/conceitos que nos fez pensar que há, sim, uma pretensão de verdade nessa produção tão heterogênea.
O divertido, no processo curatorial, foi poder observar que esta possibilidade de verdade vale para cada artista individualmente e que ela se formaliza pelo estranhamento que eles alcançam no uso de materiais específicos, numa operação que cria novos códigos de acesso às vias sensíveis, que entendo como produtoras de conhecimento.
Ao observarem, com tanto interesse, seu universo de objetos, seu mundo interno, paisagens, sensações ou seleções da memória e adequarem estas afetações via metáforas materializadas nos trabalhos, parece que os artistas oferecem ao público uma possibilidade de percepção de seu próprio território de afetos.
Além disso, há pouca sofisticação nesses trabalhos. Os artistas, de maneira geral, não usam materiais caros, há um trabalho feito com post-it, outro, com cartas de baralho, e um outro ainda, com fósforos, o que leva nossos olhos a caminhar por um território rico em vibrações fora de lugar, pressentidas fora de alcance e distante das práticas e categorias tradicionais.
Esse fato sinaliza um devir em objetos banais, utilizados no limite de sua familiaridade, que, ao serem ressignificados pelos artistas, produzem uma espécie de desfundamento libertador.
São nossas potencialidades comuns as necessárias para o embate que os artistas propõem, mas elas serão potencializadas e nos farão ver mais, no mesmo.
Estas percepções possibilitaram a visualização de tres arranjos que originaram três exposições: Estratégias pictóricas, Nada do que lembramos é verdade e Pós - paisagem.
O texto do crítico Ricardo Resende aponta os territórios conceituais sugeridos pelos artistas e sua conexão com a experiência cotidiana, compromisso estrutural do edital ARTE LONDRINA.
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