DAP - Casa Branca

quinta-feira, 28 de março de 2013

Entrevista com Profa. Dra. Lúcia Helena Gratão



Como pensar a paisagem em nossos dias? Como estabelecer e qualificar a conexão irrevogável homem-natureza-paisagem-geografia, num mundo de aparente plasticidade infinita?"



Nos responde a Prfa. Dra. Lucia Helena Gratão do Depto. de Geociências da Universidade Estadual de Lodrina, uma das responsáveis pela reedição do livro Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente do geógrafo Yi-Fu Tuan:


Confesso que a sua indagação é bastante instigante-intrigante diante da conexão irrevogável  Homem-Natureza-Paisagem-Geografia. O capítulo dez: "Do cosmo à paisagem", Tuan nos apresenta uma leitura essencial quando diz: "A transformação axial na visão do mundo, de cosmo para paisagem, pode ser rastreada na mudança do significado das palavras "natureza", "paisagem"e "cenário". O que pode estar muito bem expresso "num mundo de aparente plasticidade infinita? ". Imagino que aqui responderia à indagação que fez você em torno da paisagem na obra de Tuan. É um diálogo que vai além da paisagem como aspecto visual para chegar ao seu significado e valor. Uma linha de pensamento que visa/vista a partir da consideração de um espaço subjetivo, sentido vivido, um espaço de ser-humano. Uma linha de trajeto atravessada pela experiência humana.  É isso! A leitura de Tuan pelo neologismo topofilia revela-nos a cada página esse sentimento que vincula a visão humanista do mundo - o estar-no-mundo enquanto sentido-de-ser.

Lucia Helena é a autora do texto da orelha do livro que transcrevemos aqui e como ela mesma diz, deve servir de “convite a desvendar esse relicário de lembranças que (res)guarda a esperança - Terra nosso lar”.

"Do amor ao lugar ao sentimento de Topofilia. Esse é o princípio fundante da obra que o geógrafo Yi-Fu Tuan compôs para explorar as ligações afetivas dos seres humanos com meio ambienta – topofilia. Que belo neologismo de uma palavra para compreender os laços que se (entre)laçam entre meio ambiente e visão do mundo! Nos (entre)meios e (entre)laços os sentimentos topofílicos se revelam de maneira profundamente diferente em intensidade, sutileza e modo de expressão. Do efêmero prazer que se tem de uma vista, até a sensação de beleza, igualmente fugaz, mas muito mais intensa. Das sensações de deleite ao sentir o ar, a água, a terra no contato físico. Mais permanentes e mais difíceis de expressar, são os sentimentos que temos para com um lugar, por ser o lar, o locus de reminiscências e o meio de se ganhar a vida. Em qualquer lugar onde haja seres humanos, haverá o lar de alguém – como todo o significado afetivo da palavra.  
A topofilia é um sentimento de que a Terra é um relicário de lembranças e (res)guarda a esperança. Sentimento expresso de que a Terra é uma obra de apreciação estética e, ao mesmo tempo, substractum da vida, parte do ser, lugar da vida. Tudo isso que contém a palavra topofilia por toda a beleza de ver e de estar no mundo. Terra nosso lar.
O geógrafo Yi-Fu Tuan, com sabedoria chinesa, soube encontrar numa só palavra, a potencialidade humana para compor uma obra fundada para os estudos do meio ambiente, mas, que acabou transformando-se em uma obra prima para a geografia. Um precioso presente para os geógrafos em busca da geografia. Uma grafia traçada pelo sentido de ser do próprio ser humano, pois, é uma obra subescrita pelas mãos de um grande humanista que ao escrever, compõe e recompõe as relações essenciais que nos ligam à Terra. O élan dessa ligação é a topofilia – uma filia que liga o homem, o lugar e o meio ambiente.
A reedição de Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente é um presente de valor memorável a todos que de corpo e alma se deixam tocar pelo sentimento de envolver-se com a Terra. Uma obra de edificação humana, plena de sentimento e de esperança na construção do mundo. No estar-no-mundo nos movemos eternamente procurando um meio ambiente ideal. Nesta procura nos movemos na leitura topofílica de Yi-Fu Tuan..."


Lúcia Helena Batista Gratão
Universidade Estadual de Londrina




O livro, lançado no Seminário - Geografia, lugar e meio ambiente, contribuições de Yi-Fu Tuan - em 01 de março de 2013. Pode ser adquirido na Livraria da UEL, Campus Universitário, em frente à Biblioteca Central.
A livraria funciona das 08:00h as 12:00h e das 13:30h as 17:30h de 2ª a 6ª feira. Mais informações sobre títulos disponíveis na Livraria pelo telefone (43) 3371-4691 , ou ainda pelo e-mail:






segunda-feira, 25 de março de 2013

Arte Londrina - Entrevista com a artista Fátima Savignon



Fátima Savignon
Nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 1953
Vive e trabalha em Londrina, PR



COMO É UM DIA DE PRODUÇÃO EM SEU ATELIÊ, COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Começo meu dia revendo o que desenvolvi no dia anterior principalmente o ponto de parada. Posso manter o ritmo como dar uma guinada, mudar de direção ou começar uma nova idéia. Trabalho ao mesmo tempo que busco referências em livros, revistas e na web, tem dias em que me alimento somente de imagens, não me atenho a textos.


QUE ARTISTAS/TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES NAS SUAS ESCOLHAS?

Atualmente me interesso por artistas que se utilizam da fotografia como linguagem, Gregory Crewdson, Sophie Calle, Andreas Gursky, Nan Goldin,
Philip-Lorca DiCorcia, Claudia Jaguaribe, entre outros . Quanto a teoria tenho me dedicado aos teóricos da imagem como; Annateresa Fabris, Charlotte Cotton,
Rosalind Krauss, Lucia Santaella, entre outros. Me interessa, também, os textos críticos  sobre arte contemporânea .


O QUÊ CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

O mundo


EM QUAL PROJETOS VOCÊ ESTÁ TRABALHANDO AGORA?

Apropriação e manipulação de imagens captadas através de videos.


QUE SITE VOCÊ COSTUMA VER?

Artforum, Artnet, art21, Amazon, sites de galerias de arte, e de culinária quando
quero algo para acompanhar o vinho. Respiro arte, mas me alimento de uma boa pasta.


QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

Quando o silêncio não basta; rock dos anos 70 entre outros. Atualmente o novo cd do Caetano (Abraçaço) tem sido a escolha no meu Ipod. Recomendo!


Foto da artista na mediação da DaP 





sexta-feira, 22 de março de 2013

Mediação com NAAHS

Em visita à DaP, os alunos do NAAHS (Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação) participaram da mediação dos trabalhos




Mediação com o artista Márcio Diegues




quarta-feira, 20 de março de 2013

Arte Londrina - Entrevista com o artista RAG



RAG (Ricardo Aguiar)
Nasceu em São Paulo, SP, em 1968
Vive e trabalha em São Paulo, SP


COMO É UM DIA DE PRODUÇÃO EM SEU ATELIÊ? COMO UM TRABALHO COMEÇA? 

Divido minha produção em dois lugares: minha mesa de projetos e pesquisa em casa e meu ateliê. Com o tempo, meu fluxo de trabalho foi se modificando um pouco. Primeiro, porque meu trabalho está me solicitando cada vez mais para sair da tela e ganhar uma terceira dimensão. Estou começando a produzir também objetos, fotografia e escultura. Tem sido uma transição, pelo menos para mim, natural e sem sofrimento mas não tenho planos de eliminar a pintura do meu trabalho. Percebo também que hoje tenho dedicado mais tempo à pesquisa e planejamento dos projetos. Hoje já posso afirmar que divido meu tempo 50/50 entre pesquisa/planejamento e produção.


QUE ARTISTAS/TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES NAS SUAS ESCOLHAS? 

Meu trabalho tem uma influência muito grande dos Young British Artists, dentre eles Damien Hirst.


QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

Me chama a atenção a quantidade de tempo e energia que um ser humano se dedica exclusivamente à sua imagem.


EM QUAL PROJETO VOCÊ ESTÁ TRABALHANDO AGORA?

Gosto de trabalhar em diversos projetos ao mesmo tempo, cada um em um estágio diferente de desenvolvimento. Tenho dois projetos que já estão sendo produzidos a algum tempo, tenho outros três que estão em fase final de testes e pesquisa e tenho mais dois que estão bem embrionários. Estou dedicando no momento mais atenção ao projeto Nutopia (o das bandeiras, que tem algumas peças no Arte Londrina e será uma exposição individual no Museu de Arte de Goiânia) e outro projeto de backlights, já em fase final de produção.  


QUE SITE VOCÊ COSTUMA VER?

Acessar o Update or Die! diariamente já se tornou uma rotina. É com ele que minha cabeça sabe que o dia de trabalho está começando. É com ele que aqueço os motores e é a partir dele que meu traçado de pesquisa do dia na internet começa.


QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

Gosto muito da energia e do vigor do rock’n’roll. Ultimamente tenho ouvido muito os clássicos do heavy metal, como Metallica, ACDC, Iron Maiden e Black Sabbath. Mas ouço bastante também Jack Johnson, que tem o poder mágico de me equilibrar por completo.



terça-feira, 19 de março de 2013

W.C. ARTE

 
    Inscrições até 10 de abril de 2013.
    Resultado dia 15 de abril de 2013.


 


segunda-feira, 18 de março de 2013

Arte Londrina - Entrevista com o artista José Mianutti



José Mianutti 
Nasceu em São Paulo, SP, em 1980
Vive e trabalha em Curitiba, PR

COMO É UM DIA DE PRODUÇÃO EM SEU ATELIÊ, COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Não possuo espaço próprio para a execução de meus trabalhos, nem um ritmo constante de produção, já que meus outros afazeres do cotidiano tomam muito meu tempo. O trabalho começa quando encontro uma imagem que me chama a atenção. Costumo buscar minhas fontes em bancos de imagens na internet. A partir daí, a construção do trabalho dita o ritmo.


QUE ARTISTAS/TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES NAS SUAS ESCOLHAS?

Francis Bacon; David Rockney; Claude Monet; Giorgio Morandi; Paul Cézanne, David Salle, entre outros…


QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

Coisas relacionadas à espiritualidade sempre me interessaram. Porém, busco um distanciamento entre minha produção e este assunto, mas de qualquer modo, percebo que existe uma linha tênue que acaba ligando as duas coisas.


EM QUAL PROJETO VOCÊ ESTÁ TRABALHANDO AGORA?

Nunca consegui trabalhar com projetos. Produzir sempre foi algo natural para mim, quase fisiológico. Eu produzo e espero a oportunidade chegar. Simples assim.


QUE SITE VOCÊ COSTUMA VER?



QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

Gosto principalmente de Classic Rock (são tantas bandas que fica difícil enumerar), mas sou apaixonado pelo trabalho de Eric Clapton desde o início de sua carreira no The Yardbirds, passando pelo Cream, Blind Faith, Derek and the Dominos e carreira solo. Também gosto muito de Led Zeppelin. Dos anos 2000 para cá, tenho acompanhado o trabalho de Jack White em bandas como The White Stripes, The Rancounters, Dead Weather e sua carreira solo. Do cenário nacional, ouço muito Legião Urbana, Zé Ramalho e Marisa Monte.


Foto do artista



À direita, os trabalhos do artista na exposição Pós - Paisagem, entitulados "Um, dois, três" ; "Arauto" ;  "Todo ato intencional é um ato mágico" ; " Santidade".


sexta-feira, 15 de março de 2013

Pós - Paisagem


    Foto da exposição Pós - Paisagem, que acontece até o dia 19 de abril na DaP. Trabalho    dos artistas RAG (bandeiras), Bruno Oliveira ( no círculo) e André Griffo (na parede à direita).


quinta-feira, 14 de março de 2013

Arte Londrina - Entrevista com a artista Marina Guedes

Marina Guedes 
Nasceu em Porto Alegre, RS, em 1985
Vive e trabalha em Porto Alegre, RS


COMO É UM DIA DE PRODUÇÃO EM SEU ATELIÊ, COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Como meus trabalhos são, em sua maioria, desenhos a partir de fotografias, o processo começa na busca e escolha delas. E esta “seleção” é guiada por rememorações. Não são memórias minhas, mas me aproprio delas.
Desta forma inicio a feitura dos trabalhos. Os desenhos pequenos contam uma história, os grandes fazem com que o observador participe dela.


QUE ARTISTAS/TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES NAS SUAS ESCOLHAS?


Os artistas são William Kentridge, AlbertoGiacometti e Michael BorremansMeus referenciais teóricos são variados: Walter Benjamin, Henri Focillon, Roland Barthes, Herman Melville, Edgar Allan Poe, Gabriel García Márquez… Minhas leituras são bem diversas – até mesmo agora, durante o mestrado. Recomendo a série chamada “Entrevistas” feitas pelo Hans Ulrich Obrist.


O QUÊ CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

Tudo o que vai na contramão do cotidiano sem atrapalhar o caminho. E também desenhos, livros antigos, casarões antigos, brinquedos antigos, obsolescência, histórias que as pessoas contam, histórias que imagino das fotos que coleciono (as anotações no verso, os amassados…), antiquários...
Sempre fui uma boa ouvinte, não sou do tipo que fala por horas e horas. Muitas vezes as pessoas acham que estou sendo apenas gentil, mas na verdade me aproprio de muitas coisas que elas me dizem e acabo usando no meu trabalho (não roubo ideias, coleciono histórias e verborragias).

EM QUAL PROJETO VOCÊ ESTÁ TRABALHANDO AGORA?

Continuo produzindo desenhos, estou concluindo o mestrado em poéticas visuais e trabalho em uma galeria. Tenho alguns planos para colocar em prática e eles estão fora do campo das artes. Já fiz uma infinidade de coisas diferentes paralelas a minha produção, e permaneço assim. Mas também persisto no desenho porque ele não é uma escolha, quem desenha não tem escolha.


QUE SITE VOCÊ COSTUMA VER?

Costumo ver o site do MoMA, principalmente a coleção de desenhos. Também vejo os vídeos que estão no canal da art21 no youtube, JSTOR



QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

Laurie Anderson, Elis Regina, Amy Winehouse, LedZeppelin, The Black Keys, Justice, Waldick Soriano, VivaldiNão sou sectária.
Mas opto por não ouvir músicas enquanto trabalho.


Foto da artista em sua visita à Londrina




Foto dos trabalhos da artista na exposição Pós - Paisagem, com a própria artista ao lado, entitulados "Penso em mergulhar, nas profundezas do Mar" (mesa), "Praia do Cassino" (quadro à esquerda) e "Quando estávamos na praia, e era meu aniversário" (quadro à direita)


quarta-feira, 13 de março de 2013

ARTE LONDRINA - Danillo Villa

No dia 03 e setembro de 2012, reunimo-nos eu, Danillo Villa, e o diretor do Centro Cultural São Paulo, Ricardo Resende, para escolher, entre os 143 inscritos, os trabalhos que fariam parte do edital ARTE LONDRINA. Deparamo-nos com uma amostragem de formas/conceitos que nos fez pensar que há, sim, uma pretensão de verdade nessa produção tão heterogênea. 
O divertido, no processo curatorial, foi poder observar que esta possibilidade de verdade vale para cada artista individualmente e que ela se formaliza pelo estranhamento que eles alcançam no uso de materiais específicos, numa operação que cria novos códigos de acesso às vias sensíveis, que entendo como produtoras de conhecimento. 
Ao observarem, com tanto interesse, seu universo de objetos, seu mundo interno, paisagens, sensações ou seleções da memória e adequarem estas afetações via metáforas materializadas nos trabalhos, parece que os artistas oferecem ao público uma possibilidade de percepção de seu próprio território de afetos.
Além disso, há pouca sofisticação nesses trabalhos. Os artistas, de maneira geral, não usam materiais caros, há um trabalho feito com post-it, outro, com cartas de baralho, e um outro ainda, com fósforos, o que leva nossos olhos a caminhar por um território rico em vibrações fora de lugar, pressentidas fora de alcance e distante das práticas e categorias tradicionais. 
Esse fato sinaliza um devir em objetos banais, utilizados no limite de sua familiaridade, que, ao serem ressignificados pelos artistas, produzem uma espécie de desfundamento libertador. 
São nossas potencialidades comuns as necessárias para o embate que os artistas propõem, mas elas serão potencializadas e nos farão ver mais, no mesmo.
Estas percepções possibilitaram a visualização de tres arranjos que originaram três exposições: Estratégias pictóricas, Nada do que lembramos é verdade e Pós - paisagem. 
O texto do crítico Ricardo Resende aponta os territórios conceituais sugeridos pelos artistas e sua conexão com a experiência cotidiana, compromisso estrutural do edital ARTE LONDRINA.

terça-feira, 12 de março de 2013

Arte Londrina - Entrevista com a artista Maria Joana Pires Yasuhara

Maria Joana Pires Yasuhara 
Nasceu em São João do Pinhal, PR em 1967
Vive e trabalha em Londrina, PR


QUE ARTISTAS/TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES NAS SUAS ESCOLHAS?

Hopper                                  Nietzsche
De Chirico                            Anne Cauquelin
Kathe Kollwtz                       Milton Santos
Hiroshigue                            Ronaldo Brito
Antony Gormley                    Aracy Amaral
Do Ho Suh                            Manoel de barros
Gerhard Richter                   Manoel Bandeira
Tim  Eitel                              Florbela Espanca
Salustiano Garcia               José Saramago
Ana Miguel                           Paul Klee
Adriana Varejão                  Clarice Lispector
Rosangela Rennó                Bachelard



O QUE CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

O sofrimento humano, todas suas dores, angústias e vazios. A ligação do homem 
com os espaços arquitetônicos. Paisagens ou lugares sempre vazios. 
A vida e também a morte. O vermelho.

EM QUAL PROJETO VOCÊ ESTÁ TRABALHANDO AGORA?

Maquete de pequenos espaços vazios, pintura de formas tridimensionais geométricas.


QUE SITE VOCÊ COSTUMA VER?


QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

Chico Buarque – Construção (ouça aqui)
Elis Regina O Bêbado e o Equilibrista 
Marya Callas ou  Puccini  – Madame Butterfly (ouça aqui )
Sarah Brightman & Andrea Bocelli - Time to Say Goodbye
Tchaikovsky – concerto para piano nº1
Chopin - Tristesse (ouça aqui) 
Johann Pachelbel – Canon in D Major
Frédéric Chopin – Nocturne No. 20  in C- Sharp minor
Ludwig van Beethoven –
·       Symphony No. 9 – 2nd Movement
·      Symphony No. 5 – 1 st Movement
·       Fur Elise
·       Moonlight Sonata – 1st Movement
Johannes Brahms – Hungarian Dance No. 5
Antonio Vivaldi –
·       Four Seasons: Winter
·       Four Season : Spring
Wolfgang Amadeus Mozart – Requiem
Carl Orff – Carmina Burana – O Fortuna
Sergei Prokofiev – Dance of the Knights (ouça aqui) 


Trabalho da artista na exposição Pós - Paisagem, 
entitulado "Vastidão", acrílica sobre tela, 150 x 150 cm, 2012 : 





segunda-feira, 11 de março de 2013

Abertura da exposição Pós - Paisagem

   





   Diretor Presidente do IPPUL Robinson Borba durante a abertura da exposição



    Fachada da DaP




quinta-feira, 7 de março de 2013

Montagem da exposição Pós - Paisagem



   Expografia em processo, trabalhos dos artistas Bruno Oliveira e André Delfim



   
   
   O artista Bruno Oliveira montando seu trabalho


























  A artista Elke Coelho na montagem de seu trabalho

   
   Nicole (mediadora) na montagem da exposição

























   Danillo e Leto (curador e mediador) definindo a expografia

























   Trabalhos das artistas Fátima Savignon e Joana Yasuhara



  Beto (téc. em estúdio e multimídia) na pintura da fachada



    

   Leto (mediador) na montagem da exposição. Ao fundo os trabalhos dos artistas Rag e André Griffo



   O artista Márcio Diegues montando seu trabalho




   

   Juliana (téc. em assuntos culturais) na montagem da exposição e o trabalho de Márcio Diegues




    Pintura da fachada DaP


Arte e Vida, Vida e Arte por Ricardo Resende


“Para que eu seja um poeta, preciso de não ter o que fazer. Meu trabalho é o de fazer vadiagem com as palavras”, disse Manoel de Barros, em entrevista.1

A vadiagem, nas palavras do poeta, tem um sentindo de contemplação do mundo e é nesta contemplação ou vadiagem, segundo Manoel de Barros, que a experimentação artística encontra seu lugar possível. Vadiar com o pensamento, vadiar na reflexão, vadiar na criação, vadiar com a arte. E neste contexto que se dá a criação poética, que as ideias fluem e as transformações humanas acontecem.

Para ser sincero, ultimamente, tenho mais vontade de vadiar, ou melhor, de divagar, de contemplar a arte, do que de falar e pensar, obrigatoriamente, em uma função profissional ou acadêmica sobre arte, em especial, quando tais reflexões  estão pautadas em temas ou recortes com um viés “estatizante” e filosófico que acaba por tornar tudo um tanto igual e alinhado ao discurso vigente, perigosamente homogeneizado na era pós-globalização, feito de imagens que não aderem, que não instigam e não nos tiram do lugar comum. E pior, que tornam a arte uma disciplina, uma disciplina acadêmica para poucos.

A arte deve se comunicar diretamente para o público, instigando-o com questões que o perturbam, que o tiram da normalidade, que fazem com que sua memória lateje. Se a arte não nos causa estranhamento, a criação artística não faz sentido.

Assim, a arte pode ser um “meio” para se pensar, refletir ou “vadiar” sobre as questões que afligem o homem contemporâneo. Nesse sentindo, na atualidade, arte e vida se unem e se transformam em uma coisa só. Desse modo, tratar a arte como uma experiência de vida é, sem dúvida, a busca maior para os artistas da atualidade. Não dá mais para esperar que o artista, ao se fechar em seu ateliê, traga ao mundo apenas pinturas de cores planas ou vazias de inquietações, ou seja, obras artísticas ancoradas no porto seguro do mercado e das instituições consagradas à arte. Espera-se do artista que se sujeite aos riscos necessários da experimentação artística e estética.

Felizmente, o que se observou na seleção de trabalhos do Edital Arte Londrina 2012, que resultará em três mostras no decorrer de 2012 e 2013, foi a priorização de questões prementes da arte contemporânea, o que é bastante positivo, pois esta é a função de uma universidade que abriga um curso de arte, ou seja,  abrir espaço para a produção emergente e difundir esta produção acadêmica de forma não hierárquica e aberta à sociedade londrinense.

Não foi proposto um tema para o Edital e nem houve, por parte da comissão selecionadora, a eleição de uma orientação para nortear as escolhas, que se deram de forma natural, formando conjuntos ou arranjos específicos.

Foi uma surpresa, no decorrer do processo seletivo, a potência de muitos dos trabalhos selecionados.  Mais de 50 artistas, entre os cerca de 140 inscritos, participarão das mostras coletivas na Casa de Cultura da Universidade Estadual de Londrina. Artistas jovens, muitos deles ainda cursando a universidade, revelaram um olhar aguçado sobre a atualidade, pois abordaram questões que afligem o homem contemporâneo.

Os trabalhos compõem um conjunto coerente, sem complexidade conceitual e atento a questões da arte do século XXI. São trabalhos em escala menor, em que predominam o desenho e o gesto pequeno e contido, que aludem ao cotidiano e à vida nas cidades ou que  observam o outro, a natureza e as relações com a vida. Não se poderia falar de conteúdo em arte para alguns artistas e críticos de arte, há bem pouco tempo.

O resultado do Edital ARTE LONDRINA, posso afirmar depois de passar por outros editais de arte, como o 30º Salão de Arte de Ribeirão Preto, em 2012, e o Arte Pará - 30 Anos, em 2011, está em sintonia com a produção artística dos grandes centros de arte como São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Para confirmar esta atualidade, pode-se citar que muitos dos temas apresentados são vistos nas obras expostas na 30ª Bienal Internacional de São Paulo, aberta ao público em setembro de 2012, uma bienal que não peca pela monumentalidade dos trabalhos, pois não traz obras barulhentas ou que exigem a interação física do público para se expressarem e nem os costumeiros nomes de artistas badalados pelo mercado de arte que ofuscam os demais.

Na Bienal de São Paulo como no Edital ARTE LONDRINA, são muitos os trabalhos que tratam do cotidiano, das coisas pequenas e de situações comuns do dia a dia, assim, parece ser este o tema que influencia a arte contemporânea. A poética está nas pequenas ações, nos pequenos registros feitos pelos artistas, o que não deixa de ser um gesto político da arte, em um momento em que a humanidade parece ter rompido com o mundo natural, com a natureza e com uma vida simples.

Neste contexto, quando as pessoas se mostram mais “desumanizadas” e tecnológicas, por serem mediadas por equipamentos eletrônicos, os artistas parecem buscar um fazer artístico que se traduz como um contraponto a isto tudo, pois criam trabalhos mais elaborados, mais artesanais, que têm como suporte linguagens tradicionais, como o desenho e a gravura, fruto, talvez, de um certo desencantamento com o mundo digital e imaterial atual.

No resultado do Edital ARTE LONDRINA, encontramos desenhos, pinturas e algumas fotografias, como as imagens silenciosas de Gabriela Lissa, que captam o interior da casa de seus avós, povoada de memórias, um ambiente besuntado da afetividade dos que ali viveram. Esta é a magia de um trabalho que mexe com os nossos sentidos, pois revela as lembranças delicadas de um cotidiano intensamente vivido. Embora seja uma fotografia, sente-se a umidade e os cheiros do ambiente no ar, escuta-se o ranger de portas e janelas, ouve-se a fala silenciosa de seus avós na penumbra do lugar.

Os temas dos outros trabalhos selecionados variam, pois abordam desde a História da Arte até questões relativas à identidade e ao gênero, à sexualidade e  à sensualidade e à simbiose do homem com a natureza.

Parece que a escolha de tais temas constitui mais um contrapondo à eletrizante e barulhenta arte que resulta da globalização, vista em obras grandiosas, dispendiosas, inacessíveis e inofensivas ao público. Há uma despretensão plástica nos trabalhos vistos na seleção do Edital ARTE LONDRINA, mas, por outro lado, há um sentimento de urgência nessa simplicidade, um desejo latente de compreensão do mundo, desse mundo que parece ter sido corroído e corrompido pelo homem.

Como os artistas estão a frente dos homens comuns, graças a sua sensibilidade aguçada para perceber as coisas, estas questões que parecem banais sinalizam a necessidade de mudanças nas projeções futuras. É como se o artista voltasse para o seu entorno e observasse as coisas simples do dia a dia das pessoas, das cidades e da natureza, para trazer um novo olhar para o que é local e que está nesse entorno, ao alcance das mãos e do olhar. É como se deixassem de olhar para o futuro, como prega a ideia progressista do capitalismo, que sempre trabalha com projeções futuras de lucro, de produção e de investimento, para olhar para o presente, para o agora.

De fato, falta-me paciência, hoje, para falar de uma arte que está em consonância com as galerias de arte comerciais, cujo fim é apenas um, o de apenas atender os interesses do mercado.

Pelo meu modo de vida e de ver a arte, este desejo de deslocamento e esta busca por outras culturas e outros modos de vida estão evidentes em mostras importantes, como a mencionada Bienal de São Paulo, assim como, nos trabalhos selecionados  pelo Edital ARTE LONDRINA.

Parece haver necessidade de convívio, de contato, de uma livre troca com outras pessoas e culturas. O acúmulo de conhecimento e experiências é consequência desta nova condição do artista que circula ou “vadia” pelo mundo.

Estes questionamentos são abordados por Nicolas Bourriaud, em sua teoria da Estética Relacional, que reflete sobre a necessidade que o artista contemporâneo tem de interagir e conviver num ambiente de trocas, de experiências e socialidade.
Essa vertente convivial - sociológica - da arte (e não é que ela não existiu antes) gera um acúmulo de conhecimento que resulta em experiências estéticas e relacionais naturais a todos os indivíduos.

Viver é acumular experiências e a arte, em tempos de arte relacional, torna-se, cada vez mais, resultante de experiências sociais.

Investe-se no indivíduo. Investe-se na formação do artista. Investe-se em seu deslocamento. Investe-se no acúmulo de informações. O acúmulo de conhecimento faz parte da natureza da contemporaneidade, um acúmulo  que, não necessariamente, tem que ser compartilhado. O compartilhamento dessa memória, porém, pode se dar no trabalho de arte ou, mais especificamente, nas práticas artísticas processuais. A iminência poética, como justifica o curador venezuelano, Luiz Perez-Oramas, foi o quesito para a escolha de trabalhos para a mostra da Bienal de São Paulo de 2012.

Na atualidade, exposições e teorias apresentam títulos bastante sugestivos que dizem respeito ao que foi aqui discutido: Como viver junto; Em vivo Contato; Como construir mundos; Arte Relacional; Sociedade Líquida; Amor Líquido; Há sempre um copo de mar para o homem navegar; A Contemplação do Mundo e a Iminências das Poéticas, título da última bienal de São Paulo.
No entanto, a transculturalidade ou a arte e a vida que se cruzam já era entendida muito antes deste fenômeno atual, como relata, em entrevista, o pianista e compositor de jazz norte-americano Dave Brubeck, que revolucionou este gênero musical, há mais de 50 anos, com o disco Time Out, ao mencionar o que lhe ensinou seu professor, Darius Milhaud:

Milhaud falava com frequência da época em que viveu no Brasil e como o país influenciou sua linguagem musical. Ele me relatou suas viagens pelo interior do país para ouvir canções folclóricas que o inspiraram a escrever algumas de suas mais populares e encantadoras peças. O conselho que me deu, então, foi viajar e manter os ouvidos abertos. Ele acreditava firmemente na importância de ouvir música folclórica de diferentes culturas, citando particularmente o caso de Stravinski e Bartók, cujos trabalhos foram marcados por essa aproximação. De algum modo, a introdução de ferramentas clássicas no jazz é semelhante à adoção de métodos de composição clássica de Milhaud para incorporar a música folclórica brasileira (O Estado de São Paulo, 18/12/10).

Esta experiência artística relatada ocorreu há mais de 50 anos, assim, o que vem antes é mais importante do que a obra de arte em si, pois, de alguma maneira, o conhecimento acumulado se transforma em conhecimento coletivo quando o artista leva seu trabalho para o espaço expositivo e o divide com o público.
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