Khalil Charif
Nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 1967
Vive e trabalha no Rio de Janeiro, RJ
Como é um dia de produção em seu ateliê, como
um trabalho começa?
Começo
cedo, bem de manhã no ateliê, a ler o jornal e depois dou uma parada e tento
refletir sobre o que li, sobre as relações que as coisas fazem. Se algo me move
o bastante, faço anotações e procuro ler mais, investigar mesmo, buscar
referências. É parte do processo de trabalho. Daí partem ideias e propostas que
podem ou não ter desbobramentos – o que não importa muito, pois tudo acaba se
somando. Procuro sempre fazer experiências, coisas que me inquietam, que não
sei e quero saber.
Que artistas/teóricos você considera
importantes nas suas escolhas?
Gosto de
ler sobre artistas experimentais -não necessariamente de agora- mas que tem ou
tiveram um comprometimento em dar sua contribuição ao olhar. Mas sem reduzir
isso ao campo da arte apenas, em todas as áreas. Acredito que a curiosidade
nossa deve sempre ir além do métier,
deve ser perceber e se relacionar com o mundo e as pessoas em toda sua potência… Esse negócio de se fechar numa coisa -e se
alienar do resto- não é pra mim.
Que tipo de coisa chama sua atenção no mundo?
Fico atento
à vida prática e a rotina diária, às pessoas que encontro pelo caminho… A
realidade tem uma sabedoria (e uma poesia) que sempre surpreende, é preciso
estar atento para perceber. Uma vez fiz uma oficina com um ator japonês, o
Yoshi Oida, e ele dizia que agente nasce puro e vai ficando empoeirado com o tempo; e que de vez em quando é preciso dar
uns tapinhas e tirar a poeira… redescobrir essa sensação de estar aberto,
atento... como éramos quando crianças.
Em qual projeto você está trabalhando agora?
Estou
participando do projeto 9hundred.org , é comemorativo dos 50 anos da videoarte,
onde 100 artistas do mundo foram convidados a fazer um vídeo sobre um dos anos
1900s - eu faço sobre o ano de 1978. O
projeto inaugura na Itália em breve e segue em itinerância ao redor do mundo… Aqui
do Brasil a Artur Fidalgo galeria (no Rio de Janeiro) vai receber a turnê; mas outras parcerias com instituições podem se firmar - já que é um
projeto colaborativo - e, quem sabe, passe no Paraná também!
Que site você costuma ver?
Eu passeio
por tudo, desde os de notícias até os mais específicos de instituições ligadas
ao fazer artístico. Procuro acompanhar a programação cultural e ver o que é
possível. É preciso lembrar que o nosso público de arte, de modo geral, está
atento ao que acontece e muito interessado: provavemente viu ou leu muito do
que está por aí. Não dá pra querer trazer/dizer algo e simplesmente ignorar
esse dado.
Que música você ouve?
Escuto
muito o que passa nas rádios. Os sambas de Cartola, um som da Gal, da Marisa
Monte ou da Calcanhoto, sempre me acompanham - gosto muito de MPB de modo
geral, mas lembrei: não dá pra não falar de Caetano…
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