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- Nicole Menin
- Wellington Willian dos Santos
Agradecemos a participação de todos, foi muito gratificante perceber o interesse de gente tão bacana e preparada querendo fazer parte da Equipe DaP. Esperamos todos em nossos eventos de 2013!
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Agradecemos a participação de todos, foi muito gratificante perceber o interesse de gente tão bacana e preparada querendo fazer parte da Equipe DaP. Esperamos todos em nossos eventos de 2013!
Por Clarissa Diniz
Nunca vi tanta arte meiga, terna, afetuosa, carinhosa, amável, afável, bondosa e suave junta! É tanta delicadeza que irrita. Faz enjoar a palidez de obras que, almejando cultivar boas energias, contentam-se com ínfimas graciosidades e abstêm-se do que realmente interessa.
Em nome da poesia que alguns artistas julgam ter a arte contemporânea abandonado, tem-se produzido trabalhos cujo propósito maior é embelezar e poetizar a vida. Nada contra – a intenção, nesses tempos de prazer mercadológico intenso, faz-se, inclusive, relevante. No entanto, abster-se de um engajamento ético maior não é ingenuidade – ou mediocridade – demais? Desconfio que alguns artistas têm utilizado tal discurso “poetizante” para mascarar reais dificuldades em criar imagens, ações e contextos cujos intuitos sejam muito mais do que somente (bobamente) meigos. E o SPA ‘07 foi um bom laboratório para esta minha desconfiança.
Balanços dependurados de árvores em praça pública é algo, sem dúvidas, afável[i]. Possibilita que convivam, momentaneamente, pessoas de origens diversas, oferecendo a elas um instante de descanso, distração, agrado e, com sorte, até mesmo de interação e diálogo. É bom pensar que “fizemos nossa parte” ao propiciar um momento de poesia no cotidiano de meia dúzia de indivíduos perdidos entre seus seis bilhões de pares. Ainda que saibamos que, em poucas horas, os balanços serão drasticamente retirados pelo dito “vandalismo” comum a nossa sociedade, satisfazemo-nos com a chance de ter propiciado um efêmero alívio de tensão a alguém. Enganamo-nos com um efeito mínimo – e terno, vale lembrar – de nossa arte quando, inversamente, poderíamos interpretar que seu grande resultado não é o de plantar meiguice mas, contrariamente, o de suscitar algum tipo de ação subversiva e violenta, que, entrópica e visceralmente, retira do convívio de todos aquilo que incomoda ou seduz – o tal “vandalismo”.
Desse modo, ao preconizar a superficial meiguice fruída pelos pouquíssimos que participaram do trabalho, tal produção artística esquiva-se da mais crua questão: a apatia, a revolta e a indiferença de todos – todos – os outros. E tal abstenção é ética. É a escolha feita por uma arte que, ingênua e irresponsavelmente, creio, se põe a agradar.